terça-feira, 16 de outubro de 2012

O Amor

Estou a amar-te como o frio
corta os lábios.
A arrancar-te a raiz
ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável.
A marcar sobre os teus flancos
o itinerário da espuma.
Assim é o amor: mortal e navegável.

<< Eugénio de Andrade >>